Tão logo foi lançada, a campanha já virou alvo de consumidores revoltados. Não é por menos, já é de conhecimento popular que estes pobres animais indefesos são assassinados para satisfazer o consumo de mulheres sem consciência alguma, que levam à moda acima de tudo.
Hoje, segunda-feira de manhã, eu não queria estar na PELE (hehe) da equipe de produtos da Arezzo. Tiveram uma ideia imbecil que vai refletir nas vendas de todos os produtos da loja. Afinal, com o poder de mobilização da internet, muitas consumidoras já falam em boicote!
Contraditório é assistir o vídeo da coleção de inverno, no qual a garota propaganda é a Glória Pires, e ouvir que “a beleza está na simplicidade”. Simplicidade de uma echarpe de R$ 1.549,00??
A iniciativa de encerrar a campanha, entretanto, ainda não foi suficiente para apagar o fogo. Na própria postagem da nota, feita no Facebook, inúmeros comentários ainda fazem referências negativas à marca. No Twitter, a hashtag #arrezo ainda ocupa o primeiro lugar nos Trending Topics.
A indignação do pessoal que “curte” a Arezzo no Facebook não está no fato da empresa vender essas peças, mas de tê-las produzido, sacrificado animais, independente de suas peles serem “certificadas e legalizadas” ou não. É uma mancha na marca que demorará a cicatrizar.
Em vez de tentar mostrar alguma grandeza, anunciando uma doação, uma medida corretiva ou mesmo se comprometendo a nunca mais montar coleção com peles exóticas, a Arezzo simplesmente disse que "tirou a coleção das lojas".
Resposta da Arezzo para Revista Época
Qual é o problema de usar pele de animais?
A Arezzo tirou rapidamente a peça do site. Procurada por ÉPOCA a empresa diz que as peças não são agressivas. Segundo a Arezzo, 95% das peças com aparência de pelos são sintéticas, feitas com derivados de plástico, como a pelúcia dos bichinhos de criança. Apenas algumas poucas peças, as bolsas, seriam feitas com peles de raposa. Essas peles viriam de criadores certificados pelos órgãos ambientais do país. Não haveria nenhuma pele de coelho. E nenhum animal seria proveniente de caça em ambiente selvagem. Todos seriam criados para o abate, exatamente como os bois e ovelhas que dão o couro para os produtos comuns da moda. “Respeitamos a opinião das pessoas”, diz Caroline Muzzi, assessora de comunicação da Arezzo. “Mas não queremos entrar em uma campanha que não é nossa.” Segundo ela, mais de 80% dos produtos da empresa são feitas com couro bovino ou ovino.
A posição da empresa mostra como é contraditória a posição das pessoas que atacaram a campanha das peles. Afinal, qual é o problema com esse produto? As peles vêm de uma espécie europeia de raposa, criada em cativeiro no Brasil, por empresas autorizadas. A criação da raposa europeia no Brasil não tem influência no status de conservação da espécie. No máximo, reduz a pressão por peles de origem irregular, vindas da caça clandestina. Isso, é claro, falando da raposa européia, que tem aquele pelo ruivo. As espécies de raposa brasileiras não estão envolvidas nesse processo. Por isso, não há razão ecológica para se opor ao uso das peles de raposa.
Elas também não são diferentes das peles de boi e ovelha, o couro que usamos diariamente sem culpa alguma. Aliás, a discussão ecológica mais coerente seria avaliar qual o impacto do couro de boi para o desmatamento da Amazônia. O que existe nesse debate de pele de animais é uma questão ética. Aí o terreno é mais pantanoso. O protesto pode refletir posturas diferentes em relação ao sacrifício de alguns animais que inspiram graus diferentes de pena. Consumir produtos de bois, galinhas, ovelhas e cabras não provoca tanta reação negativa. Já coelhos e raposas, criados nas mesmas condições, geram revolta. Por que os pesos diferentes?
Alexandre Mansur
http://colunas.epoca.globo.com/planeta/2011/04/18/qual-e-o-problema-de-usar-pele-de-animais/
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